domingo, 7 de agosto de 2011

Receitas.

Gosto. Mas depois nunca as sigo. Invento. Corre mal. Invento outra vez. 

E assim se vive a vida. Ao improviso. Com uma receita em mente, mas sabendo que vai sair melhor se dermos o nosso toque especial... se tornarmos a receita nossa.

Ainda assim.... numa vida repleta de cozinheiros, é difícil encontrar o nosso espaço. A nossa liberdade criativa. O nosso traço característico. O que nos distingue dos outros. O que nos faz sermos únicos.

Vivo na tentativa de improviso. Com retoques de mim aqui e ali. Com olhos postos nos caminhos paralelos e nos atalhos. Mas não consigo deixar de pensar na receita. E se fugir demais da receita? E se a tornar irreconhecível? Uma vez disseram-me que o frango estava muito bom... mas era coelho.

Será que quando tivermos a comida pronta a ir para a mesa nos vamos reconhecer? Mas se seguirmos a receita, não vamos sempre pensar que devíamos ter feito algo diferente?

Sou mulher de tempero. Acho que, independentemente do ponto de partida e, mesmo sem saber qual o ponto de chegada, se a comida for bem temperada, não há muito por onde enganar. Cuidado para evitar os alimentos de que não se gosta... tipo como se as más energias fossem pimentos. E carregar a nossa receita com o sal do sobressalto e o piri-piri do risco. Umas ervas aromáticas de amizade e um toque de cor...

Quando o improviso é calculado deixa de ser improviso, não é? Venham os ingredientes que, deste lado, vai-se sempre tentando fazer algo comestível.... a fazer apetecer voltar para mais.

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